Podemos estar enfrentando uma epidemia de solidão devido às mudanças sociais na maneira como as pessoas se relacionam
A crise da solidão, resultado das mudanças culturais e da forma como nos relacionamos, é alertada pelos cientistas há alguns anos.
Trabalho, isolamento da pandemia, falta de tempo livre e dinheiro, entre outros fatores, estão impactando essa “epidemia” silenciosa.
Uma pesquisa realizada pela empresa Meta-Gallup entrevistou pessoas de mais de 140 países para concluir que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo se sentem muito ou bastante solitárias.
No entanto, os números poderiam ser ainda maiores porque a pesquisa não incluiu a China, o segundo país mais populoso do mundo.
De acordo com a empresa, a pesquisa representa cerca de 77% dos adultos do planeta.
“As taxas de solidão relatadas são semelhantes entre homens e mulheres. Os resultados globais mostram que 24% dos homens e mulheres dizem que se sentem muito ou bastante solitários”, diz a pesquisa.
As informações podem ser preocupantes levando em conta que cada vez mais pessoas preferem viver sozinhas, sem companheiros ou conexões físicas.
Acredita-se que os aplicativos de namoro e a inteligência artificial podem estar impactando a maneira como interagimos fisicamente com outras pessoas.
E tudo isso pode gerar uma forte consequência para o bem-estar físico e emocional dessas pessoas, com o potencial de se tornar um problema de saúde pública que seria subestimado.
De acordo com o estudo, 27% dos jovens adultos com idades entre 19 e 29 anos se sentem muito solitários. Esse sentimento é menor na população com 65 anos ou mais.
Ellyn Maese, consultora de pesquisa da Gallup, disse à CNN que é preciso continuar analisando a solidão enfrentada pelas pessoas ao redor do mundo.
“Existem muitos estudos que apontam os perigos da solidão e do isolamento social entre idosos. Mas essa pesquisa é um lembrete muito importante de que a solidão não é apenas um problema da velhice, mas que afeta pessoas de todas as idades”, disse ela.
A verdade é que quase um quarto das pessoas no mundo se sente sozinha; algo que muitos atribuíram a toda uma epidemia social que vem crescendo silenciosamente.
Vivek Murthy, cirurgião geral nos Estados Unidos, já fez esse alerta quando disse que o país enfrenta um fenômeno em que os cidadãos se sentem sozinhos muito mais do que o normal.
De acordo com o médico, o sentimento pode estar ligado a sintomas como dores, insônia, depressão e ansiedade.
A solidão constante ainda pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças cardíacas, acidentes cerebrovasculares, diabetes, demência, vícios e tendências suicidas.
“Dadas as profundas consequências da solidão e do isolamento, temos a oportunidade e a obrigação de fazer os mesmos investimentos para abordar a conexão social que fizemos para enfrentar o consumo de tabaco, a obesidade e a crise da dependência”, disse Murthy.
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