Fiona Harvey alega que a série criada por Richard Gadd faz uma série de insinuações falsas sobre ela, enquanto roteirista nega
A Justiça dos Estados Unidos decidiu que Fiona Harvey poderá seguir com o processo contra a Netflix pela série “Bebê Rena”.
Na sexta-feira (27), o juiz distrital Gary Klausner determinou que a série errou ao ser classificada para o público como uma “história real”.
Caso você não se lembre, Harvey é a mulher que diz ser a Martha Scott da vida real. No entanto, ela alega que a série criada e protagonizada por Richard Gadd distorce a realidade.
Harvey, a demandante do processo, é acusada de ter perseguido e assediado Richard Gadd. Já na série, vemos Donny, o personagem de Gadd, sendo perseguido por Martha Scott, interpretada pela atriz Jessica Gunning.
O juiz Klausner escreveu que, “embora as supostas ações de Harvey sejam repreensíveis”, o que é retratado na série pela personagem Martha é algo “pior” do que a mulher teria feito na realidade.
Isso, de acordo com ele, pode ter induzido o espectador a acreditar que tudo o que é mostrado na produção também aconteceu na vida real.
Afinal, já em seu primeiro episódio, a produção exibe uma mensagem em que avisa ser baseada em fatos reais.
“Há uma grande diferença entre perseguição e ser condenado por perseguição em um tribunal. Da mesma forma, há grandes diferenças entre toque inapropriado e agressão sexual”, disse o juiz.
“Enquanto as supostas ações da autora são repreensíveis, as declarações dos réus são de um grau pior e podem produzir um efeito diferente na mente de um espectador”, concluiu.
Ao aceitar a continuidade do processo, o juiz Klausner negou a moção da Netflix para rejeitar a ação.
Ele também rejeitou as alegações de Harvey por negligência, violação de seus direitos de imagem e danos morais, permitindo que a ação prossiga pela acusação de inflição intencional de sofrimento emocional.
Em documentos judiciais de julho, Gadd descreveu a série como uma “releitura ficcional da minha jornada emocional por meio de diversas experiências reais extremamente traumáticas”.
“A série não é um documentário ou uma tentativa de realismo, é uma obra dramática. Embora seja baseada em minha vida e em eventos da vida real e seja, em sua essência, emocionalmente verdadeira, não é um relato passo a passo dos eventos e emoções que vivi. É ficcional e não pretende retratar fatos reais”, disse o ator.
Ele continuou se defendendo ao dizer que não escreveu a produção como “uma representação de fatos reais sobre qualquer pessoa real, incluindo Fiona Harvey”.
Gadd alegou mais de uma vez que “Martha Scott não é Fiona Harvey”, apesar das similaridades.
Por exemplo, a Martha de Bebê Rena conheceu o personagem de Gadd do mesmo jeito que o roteirista afirma ter conhecido Harvey na vida real: quando ele trabalhava em um pub em Londres.
Gadd também alegou que a mulher o tocava de maneira inapropriada e enviava milhares de mensagens e e-mails por dia, com “conteúdo depreciativo, discurso de ódio e ameaças”, coisas que Martha também faz na série.
Um junho, um representante da Netflix afirmou que defenderá “rigorosamente o direito de Richard Gadd de contar sua história”.
Fato é que “Bebê Rena” foi um sucesso de crítica e de público, tendo conquistado quatro prêmios no Emmy Awards 2024, incluindo por Melhor Minissérie ou Antologia, Melhor Ator Principal em Minissérie para Gadd, Melhor Atriz Coadjuvante em Minissérie para Jessica Gunning (a Martha) e Melhor Roteiro em Minissérie.
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