Grupo de demandantes declaram ser vítimas de uma campanha realizada na década de 1970 para limitar a natalidade na Groenlândia, período em que os dispositivos contraceptivos foram inseridos
Um grupo de mais de 140 mulheres groenlandesas está processando o Estado da Dinamarca. Elas afirmam que foram submetidas ao uso de dispositivos intrauterinos (DIUs) sem o consentimento ou conhecimento delas.
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O processo alega que o país liderou uma campanha entre as décadas de 1960 e 70 para forçá-las a usar um método contraceptivo para controlar a taxa de natalidade.
“A reclamação foi apresentada. Minhas clientes tomaram a decisão porque não receberam qualquer resposta ao seu pedido de indenização em outubro. Os seus direitos humanos foram violados, elas mesmas são a prova”, disse o advogado das demandantes, Mads Pramming.
Segundo os relatos, o governo dinamarquês da época implementou a política para limitar o nascimento de bebês. Foi assim que eles decidiram implantar o dispositivo intrauterino nas jovens.
Embora a Groenlândia já não fosse uma colônia desde 1953, o território ainda estava sob a tutela da Dinamarca.
Uma série de podcast baseada nos arquivos nacionais e transmitida em 2022 pela emissora dinamarquesa DR revelou a magnitude da campanha da qual cerca de 4.500 mulheres teriam sido vítimas.
MULHERES SOLICITARAM INDENIZAÇÃO ANTES DO PROCESSO
A história ganhou relevância ao redor do mundo em outubro de 2023, quando 67 mulheres pediram uma indenização à Dinamarca no valor de US$ 43.700 cada.
“Desde então, mais mulheres se pronunciaram. A mais velha tem 85 anos”, explicou Pramming.
De acordo com as investigações, muitas das vítimas sequer sabiam que tinham um DIU, com muitas delas descobrindo só agora.
“Nossos advogados têm muita certeza de que os nossos direitos humanos e a lei foram violados”, disse Naja Lyberth, psicóloga e ativista que foi a primeira mulher a falar publicamente sobre o caso há seis anos.
Lyberth recebeu o dispositivo intrauterino ainda adolescente durante um exame médico. Ela diz que muitas mulheres enfrentam problemas de saúde devido à contracepção forçada.
Os relatos indicam que muitas mulheres tiveram que lidar com dores intensas e infecções, enquanto outras tiveram que remover o útero ou não podem mais ter filhos.
O caso está sendo investigado pelas autoridades, mas as conclusões do inquérito estão previstas apenas para 2025.
Em 2022, seis mulheres Inuit receberam um pedido de desculpas e uma compensação, mais de 70 anos depois de terem sido separadas das suas famílias para participarem de um experimento que visava criar uma elite de língua dinamarquesa na ilha do Ártico.
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